Recolher raízes e transformar em asas
data: 15.12.2019
local: Chiang Mai (Tailândia)
Comecei a planejar a história de ser nômade antes mesmo de planejar o meu negócio. Então viajar era o que me fazia suspirar, e a ideia de me torturar trabalhando um ano inteirinho para poder fazer isso nunca foi convincente para mim.
Eu fiz um mochilão aos 19 anos, um intercâmbio aos 24, uma viagem de turismo aos 27 e uma viagem com trabalho voluntário aos 28. Eu conheci viajantes, conheci poucas pessoas locais e conheci muitos intercambistas. Dessa forma, a situação cria espaço para isso, desde os cursos que frequentamos aos hosteis onde dormimos, ou trabalhamos, como no último caso.
Entretanto, quando enfim eu comecei a planejar o meu negócio, eu juntei o amor pela profissão ao amor por viajar. E, quando ele começou a dar certo, pensei: está na hora de recolher as raízes e transformar em asas.
Falar sempre faz as coisas parecerem mais fáceis, viver é que é a questão. E é por isso que o ato de viajar é tão incrível, porque assim vincula teoria e prática. Eu comentava com as pessoas que meu trabalho me permitia viajar e, salvo poucas exceções, todos acham demais. Porém, quando eu disse que estava de viagem marcada é que passei a ver o medo no olhar das pessoas, ou a curiosidade fomentada pela necessidade de controle: para onde tu vai? Por que tu vai pra lá? Seguido de um: coraajoosa.
Eu decidi que eu vinha para Chiang Mai (cidade na Tailândia) porque: o custo de vida por aqui é compatível com os valores que recebo em Reais, é um local com o clima agradável para essa época do ano, a internet funciona muito bem (lembra, eu trabalho), tem muitas coisas bacanas para conhecer, fica perto de outras cidades e países que valem a pena também visitar, e, acima de todas essas questões, é onde está a minha galera, não intercambistas, não locais, não viajantes, mas outros nômades digitais.
Mas o que afinal é um nômade digital? Ganha esse título a pessoa que trabalha online e não precisa estar atrelada a um ambiente fixo. Muitas vezes precisamos responder a um diferente fuso horário. Tirando isso, tendo internet, conseguimos viver em qualquer lugar.
Diversas características nos aproximam de um estilo viajante, intercambista ou mochileiro. Porém muita coisa nos diferencia deles. Falando por mim, posso dizer que não é que eu não tenha casa, mas faço dos lugares temporários facilmente meu lar. E conviver com pessoas que entendem o meu estilo de vida é de certa forma reconfortante.
Um intercambista parte do princípio de que irá retornar. Um expatriado faz de uma cidade no exterior a cidade onde oficialmente resolveu trabalhar (fisicamente) e viver. O viajante, incansável de novidades, percorre aqui e ali para conhecer o novo e seguir para a próxima. Mas o nômade? Pode ser que a gente tenha um passe livre para explorar melhor os destinos com o prazo de validade de um visto.
Cada experiência é um tipo de aventura, com potencial imenso para desenvolvimento pessoal. E poder experimentar cada uma delas exige esse exercício de consciência: o que eu sou? onde vou? qual o meu objetivo? quem é a “minha” galera? estou feliz com essa escolha?
O nomadismo, que inicialmente foi escolhido como uma experiência de viagem, começa a mostrar facetas de um estilo de vida, mas vou deixar as coisas acontecerem e conto para vocês logo mais.