Olá, Viajante!
Começamos esse relato com a lembrança de uma conversa de uma amiga que chamou muito a nossa atenção… Morando nos EUA há 6 anos como expatriada, porém vindo todo ano para o Brasil passar férias, ela fez um desabafo dolorido:
“Eu odeio os Estados Unidos. Acho a cultura, o estilo de vida, a mentalidade das pessoas, as leis, tudo horrível. O Brasil é o melhor país do mundo.”
Com toda a certeza, antes dela se mudar para os EUA, a conversa era outra. Há 7 anos, ela reclamava da violência, da malandragem brasileira, da educação pobre. Queria ir para fora, ter filhos e dar a eles um contexto de vida diferente.
Dessa forma, esse encontro nos inspirou a a falar de dois pontos sobre a vida de quem vive no exterior:
1. O perigoso looping de comparação entre países.
2. A idealização quando se está distante.
O perigoso looping de comparação
Afinal, se tem uma coisa que todo viajante deve evitar quando sai do seu país de origem para morar fora, é COMPARAR. Sim, nós sabemos que isso é quase uma missão impossível, mas é um pensamento que devemos ficar muito alertas.
Por quê?
Quando se está em uma fase difícil de adaptação e aceitação cultural (o que pode acontecer até com quem já vive fora há um tempo), é natural colocar a culpa por todas as dificuldades no país estrangeiro. Mesmo que os problemas não tenham nada a ver com o país propriamente dito.
Você já deve ter ouvido – ou dito – um desabafo amargo de expatriado, como “A festa já vai acabar? Isso nunca aconteceria no Brasil”, ou “As pessoas são muito intransigentes, esse país é burocrático demais. No Brasil eu conseguiria negociar”.
Essa prática de comparar o tempo todo nos faz generalizar situações pontuais (especialmente as negativas), e perder a visão analítica (prós e contras de cada lugar).
Por trás da comparação excessiva entre países está a vontade/necessidade de achar um culpado pelas nossas mazelas. Ao invés de irmos a fundo nas causas emocionais, falamos que a culpa é do lugar.
E assim entramos no mundo fantasioso de país perfeito x país horrível.
O maravilhoso mundo do país onde não moro
A distância põe uma lente colorida sobre as coisas. O país que está distante se torna um lugar perfeito e maravilhoso, cheio de carinho e familiaridade. Especialmente quando uma sessão de stories no Instagram mostra os amigos de lá felizes e realizados.
- Isso vale também para ex-romance e ex-emprego, tá?
Voltamos um olhar cansado pro país onde estamos, já que nele estão o cansaço rotineiro, as frustrações do dia-a-dia, os momentos massantes do cotidiano, as conversas difíceis. No país de origem estão as férias e o descanso, o conforto do conhecido, a comidinha que amamos.
Nesse exercício de idealizar nosso país de origem, esquecemos (ou passamos pano) para todos os problemas que nos fizeram querer sair de lá. Ignoramos os atrativos do país novo e nos tornamos, com certo gosto, os maiores carrascos daquele outro país.
Idealizamos o país de origem e ficamos ressentidos com viver fora.
Então, como se reconciliar com o país que você mora?
#1. Controle as comparações. Além de serem injustas, elas podem fazer mais mal para a saúde mental do que bem.
#2. Antes de colocar a culpa no país, avalie se a tristeza e frustração não estão ligadas às suas condições emocionais para lidar com sua realidade nesse novo país. Afinal, foi você quem criou expectativas sobre como era a vida lá fora, não?
#3. Resgate os motivos que te levaram até ali. Quais foram os principais fatores que te impulsionaram a sair do Brasil para morar nesse novo país?
#4. É sempre tempo de mudar. Se você perceber que as razões para morar fora não fazem sentido mais, reveja a sua decisão. Afinal, tudo muda. A pessoa que decidiu morar fora, com aquelas ideias e expectativas, não é mais a mesma. Se for o caso, planeje-se para voltar (ou mudar para outro país) e seja fiel a si mesmo.
De novo, é mais sobre você do que sobre o lugar.
Quer conversar mais sobre isso? Manda uma mensagem pra gente!
Abraços virtuais!