Crônicas da Nati

Viver e aprender. Será?

por Natalia Dalpiaz | jul 07, 2022
Uma aventura em viagem sozinha por Abu Dhabi que poderia dar muito errado, mas virou só uma história bizarra. Será que é viver e aprender?

Cheguei em Abu Dhabi tem dois dias. Eu não programei vir para os Emirados Árabes e particularmente não estaria na minha lista de prioridade de países para conhecer (se eu tivesse uma). Mas estava no caminho e me perguntei: Por que não?

A primeira forma de eu conhecer a estrutura da cidade foi bem no jeito Natalia de conhecer as coisas. Enfim, uma aventura que poderia dar muito errado, mas que com a graça de Deus (ou Alá) só virou uma história bizarra com possibilidades de dores musculares no dia seguinte.

Cheguei aqui com todas as informações necessárias para sair do aeroporto, pegar o ônibus até o centro da cidade e caminhar por alguns minutos até o hotel. Mas só tem uns pequenos detalhezinhos sutis: era de madrugada, eu não quis comprar chip de celular local e estava com 20% de bateria. Como eu disse, detalhes.

Antes de mais nada, como não pago de amadora, baixei o mapa da cidade no celular enquanto ainda tinha internet. Sou aventureira, mas não tola. Encontrei dois meninos viajantes no ônibus que também me permitiram o monitoramento do caminho sem usar meu celular. Porém eles desceram duas paradas antes da minha e dali segui sozinha. Apesar de achar estranho que a distância no mapa parecia ser de apenas uma quadra, mas o tempo indicava 16 min. Ok. Desci na parada certa e iniciei minha caminhada tranquila. Após uns 10 minutos, eu entendi o motivo do “tempo”.

Abu Dhabi é uma cidade com longas quadras e não parece muito convidativa a uma caminhada. Pelo menos não era o que parecia, sendo que vi apenas poucas pessoas pelo caminho. Olho o relógio que indica 2:40 a.m. e penso que esse podia ser o motivo.

A mochila que eu carrego já havia começado a pesar e a gota de suor que havia se criado em minha nuca já tinha descido pelo corpo inteiro e agora começava a molhar a minha meia. Sim, o clima aqui é quente e úmido. Além de a máscara ainda ser uma exigência, o que atrapalhava um pouco minha respiração.

Quando penso que finalmente estou chegando, me lembro que eu havia copiado o endereço do hotel no booking.com e colado no google maps, e a imagem mental desse momento me faz lembrar que não tinha o número no endereço. Paro na hora e expresso aquele grande desabafo: puuuuta que pariiiu, o endereço está errado. Respiro por um minuto. Pego o celular: 10% de bateria. Nossa senhora da tecnologia, me ajuuda. Abro o app da booking e clico em “mostrar endereço”. Um mapa offline se materializa e tenho duas notícias (uma boa e uma ruim, óbvio). A boa é que estava ligada no mapa do centro e sabia onde ficava o hotel, a ruim é que eram 2 quadras no sentido oposto ao que eu havia percorrido.

Segui a pé na força do ódio, real oficial. Após mais 20 minutos caminhando com minhas mochilas, cheguei no hotel. A cara da desgraça, inteiramente lavada de suor. O recepcionista sem grandes perguntas foi pegando uma de minhas mochilas e dizendo: “deixa que te ajudo com isso, moça”.

A cidade é um local de turismo de luxo, como bem sabem. Então meu hotelzinho que não foi nem de longe a reserva mais cara que já paguei viajando, não era bem um hotelzinho. Quando entrei em minha suíte já climatizada, tomei um banho quente, me enrolei naquelas toalhas imensas de hotel chique, e agradeci pela efetividade da recompensa no meu esforço de alguns minutos anteriores.

Essa história me lembra uma outra situação narrada já aqui no blog (texto “Quem tem boca vai a Roma”) e só antecedeu outras aventuras do gênero que ocorreram em seguida no Qatar. Dessa forma, me faz pensar que, por mais experiência que eu venha adquirindo em viagens, o perrengue está intrínseco nessas vivências e reforça a única certeza que tenho diante de cada movimento: o imprevisto vai acontecer! Pois talvez eu não precise estar preparada para ele, só preciso lembrar de não me expor demais ao risco e que depois vai virar história.

Eu adoro ter histórias para contar, e quanto antes puder começar a rir disso tudo, melhor!

Comente aqui

Você também vai gostar